sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Globos de Neve

Eu adoro Globos de Neve (apesar de não ter nem um ). Acho fantástico quando ficar rodando a "Neve" que fica dentro dele e alguma cidade ou algum personagem lá dentro . 


Essa foi a que eu comprei

1961



Lembro-me, ainda hoje, daquela manhã de Primavera na qual a vi pela primeira vez. O sol não estava alto, e a brisa leve acariciava minha pele delicadamente. O parque parecia deserto, exceto por alguns poucos casais que caminhavam tranquilamente de braços dados, ou outras pessoas que passavam, apressadas, pela figura de uma jovem parada à beira do lago, alimentando os patos. Raros eram os que lhe davam alguma atenção, contudo, suas ações prendiam minha atenção. Impressionava-me o quão ávidos os patos pareciam estar pelos pedaços de pão com os quais ela se dava o luxo de alimentá-los. Porém, mais do que simples gestos, impressionava-me sua beleza.

O vestido que lhe cobria o corpo esculpido tinha um tom levemente rosado, e esvoaçava timidamente conforme a brisa passava por ele, embora a garota não parecesse ligar. Seus movimentos eram leves, delicados, e por pequenos instantes eu me pegava pensando em como ela se assemelhava a um anjo, principalmente por seu semblante de feições delicadas, emoldurado pelos pequenos cachos dourados, teimosos em não ficar presos ao coque escondido pelo chapéu. O sorriso desenhado em seus lábios era divertido, mostrando ao mundo como era fácil rir com as pequenas coisas. Fascinado, desejei ser a luva branca de renda que escondia suas mãos e, por vezes, apertava suas vestes, como se quisesse mantê-las no lugar. Em algum momento, perdido em pensamentos, quis ser tudo que estava próximo a ela apenas para que pudesse fazê-lo também, de modo natural, sem ser notado por ninguém que não fosse a jovem moça.

Surpreendeu-me quando esta se dirigiu rapidamente a um canteiro de rosas que circundava a enorme árvore ao meu lado e apanhou uma, vermelha, levando-a timidamente até si, aspirando seu perfume com os olhos fechados. Levantei-me, o jornal mal lido sob o braço e, ao passar por ela, cumprimentei-a com um aceno de cabeça e um sorriso. Perdi o ar diante de sua retribuição inesperada, que incluía ainda um suave “bom dia”. Sua voz era como a mais bela música já composta um dia, acariciando meus ouvidos e me fazendo cócegas, seu sorriso para mim era tímido e seus olhos brilhavam como o de uma criança e seu ingênuo desejo, ou como o de uma amante e sua malícia implícita. Naquele momento, desejei ser a rosa, envolta cuidadosamente em suas mãos para não lhe machucar com os espinhos, dando-lhe o prazer de seu doce e suave perfume. Ansiava em ser as pequenas coisas que lhe davam alegria e prazer, ou até mesmo seu amante, beijando-lhe os lábios delicada e carinhosamente, oculto pelo segredo que nos unia.

Porém, meu desejo não passou de simples desejo, e minha solidão não se foi quando entrei em minha casa. A expressão infantil e delicada da jovem ainda está gravada em minha mente, como uma pintura com seus traços delicados e cores mágicas, habitando meus sonhos em todas as noites. Tenho, ainda, a esperança de que o destino cruze noss

Musica do Dia : Bon Jovi